Meu irmão,
Faz hoje dez mêses que partiste. E apesar da nostalgia sei que estás melhor agora do que quando caminhavas aqui neste plano.
Nos poucos anos que aqui andaste, nunca quiseste admitir que a tua insurreição se devia à solidão, à dor de te sentires à parte. E nessa altura nem nós te compreendíamos.
Recordo-me do menino que foste, o irmãozinho que tinha pesadelos por causa da série “Bonanza”, que não conseguia separar a realidade da fantasia. E se ao veres a fantasia de um filme, isso mexia com as tuas emoções, então era realidade; e daí vinha o teu medo.
Lembro-me dos teus gestos ternos e carinhosos com a “Nininha” e de como foste um pai para ela. A minha princesa que tanto te adora; a menina que eu deixei fosse tua também.
Vejo tantas vezes a tua vida meu irmão, e não consigo descobrir uma única imagem em que estivesses a sorrir para a vida. Apenas quando eras um garotinho e quando ainda te sentias amado, ou então já na fase adulta, quando a tua menina se abraçava a ti.
Quando ingressaste no mundo que escolheste para ti deixaste para trás toda a felicidade que te era devida. E no entanto todas as crianças se acercavam de ti para brincares com elas. E como tu gostavas disso meu irmão.
Escuto as tuas palavras meigas de quando estavas rodeado de crianças, e logo de seguida vejo o terror nos olhos das mães que olham para ti e te julgam pela aparência. O teu olhar embaciado, as feridas na tua cara era tudo que conseguiam ver. A ternura dos teus gestos com as crianças nunca ninguém ousou admitir. A doçura e a carência que aprisionaste detrás da tua vida e nunca deixaste sair.
Vejo-te dizer que a Nininha falava contigo enquanto que a mim, sua mãe, deitava apenas um olhar desconfiado.
Sinto-te a fugir dos meus afagos, deitado na cama do hospital e a ternura do teu olhar quando a menina se sentava ao teu lado e com esforço pousavas a tua mão sobre a dela.
Tenho uma carta escrita pela mão da tua menina que era para te entregar antes de partires, mas nunca ta dei meu irmão.
Um dia, quando nos encontrarmos de novo dar-te-ei pessoalmente. Sentaremos os dois a descansar na paz do Senhor rodeados de luz e então vou segurar as tuas mãos e dizer-te as palavras que nunca te disse.
Embora nem sempre o demonstrasse, eu sempre te amei meu irmão. E sempre vou amar.
Rezo por ti meu irmão. Que a paz e a luz do Senhor estejam contigo!
Querida amiga,gostaria que recebe-se um abraço ternurento muito apertadinho,e dizer-lhe que os anjos veem a este mundo ensinar-nos a dávida do amor,e só nos damos conta da sua "luz" depois que partem...mas as crianças na sua pura inocência reconhecem-os, isto para já não falar nos animais...qd vivia em Portugal pertencia a uma associação de ajuda aos pais enlutados e todas as histórias dos filhos ausentes tinham estes dois pontos em comum.A ausência fisica dos nossos anjos é sentida diáriamente, mas nos nossos corações a sua presença espiritual é muito mais sentida do que quando estavam entre nós.No firmamento as nossas estrelas brilham todas as noites, olham por nós todas as horas do dia e vigiam o nosso sono durante a noite.Beijinho Doce.
ResponderEliminarObrigada minha doce Amiga. Um xi- coração muito apertadinho para si.
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