Sinto carícias nas pequenas gotas de orvalho que deliciosamente assentam em mim.
Na lentura do toque e do espaço ocupado em minha pele despojam-se pingos de calor perfumados de maresia. Sento-me a medo numa rocha, olhando o enrolar das ondas.
E se fechar os olhos ainda vejo a linha do horizonte e nos barcos ao largo avisto as pessoas com medo de mim.
Nada têm de recear. Delicio-me com a volúpia das meiguices do relento e lanço ao mar um sermão. As nossas loucuras são as mais sensatas emoções. Tudo o que fazemos permanece na lembrança dos que sonham um dia ser como nós.
E tu, Mar, encerras-te em mil segredos que divides á noite com a Lua. Longas são as horas desta languidez que me colhe e me marca durante a contemplação da tua taciturnidade. Ergo-me e deixo-te como lembrança que o segredo da melancolia é a felicidade de estar triste.
E até tu Mar, nem sempre estás feliz…
Maria Escritos
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