- Tem alguém aqui com mais de 30 anos? – Foi assim que tudo começou… há cinco anos atrás. Recordo o teu primeiro beijo, tímido, inexperiente tanto quanto assustado, mas doce, eternamente doce…. Ainda me vem à memória o cheiro doce do amor da primeira vez que possuíste… Ainda sinto a sombra da tua mão agarrada à minha, as tuas pernas enroladas nas minhas e os dedos dos pés entrelaçados, como se não pudéssemos ser separados por nada deste mundo.
Mas depois, quantas vezes me atulhaste o coração e o penduraste na esperança, para depois o largares desprevenido, como um balão que se solta das mãos duma criança e se esvai no ar?
Quantas vezes afirmaste que eu era a única com quem pensaste passar o resto da tua vida, ao mesmo tempo que me mantiveste num cativeiro, agrilhoada ao tempo que tanto pediste para resolver e tomares decisões por ti e só por ti?
Quantas vezes me acusaste de não te dar atenção e andar só voltada para o meu trabalho, depois de teres afirmado que pelo facto de eu já não poder ter filhos já não sabias se podias pensar num futuro … comigo!
Sabes, ainda recordo no dia em que houve a suspeita que eu poderia estar grávida e tu afirmaste que não podíamos nem queríamos ter aquele filho. Eu quis tanto um filho teu, quis tanto estar grávida naquela altura, mas tudo não passou do processo de envelhecimento do meu corpo já usado e também gasto por ti. Sabes quantas vezes fiquei sem dormir por tu decidires por mim sem me consultares?
Lembras-te daquela vez que disseste que íamos passar um fim-de-semana a Barcelona, para eu combinar com o meu pai de ficar com a Cat, e logo marcaríamos o passeio? Eu recordo sim, inclusive que passada uma semana me disseste que ias a Barcelona com os teus amigos e já andavas a ver preços de viagens.
Porque é que quando nos conhecemos disseste para eu ir viver para a tua cidade e depois que começámos a namorar sempre me impediste de ir ai? E quando eu disse que ia a tua casa esclarecer com a tua mãe, quem foi que mentiu na conversa que eu tive com ela ao telefone - onde ela me confessou que sempre me negaste como tua namorada (mesmo ao fim de três anos) – tu ameaçaste que chamavas a policia para me expulsar dali?
Ainda me lembro das vezes que nos insultamos através de sms, mas a mais marcante foi o dia em que nem no hospital, ao lado do leito de morte do meu irmão, paraste de me agredir e acusar de te trair. Sim, insultei-te, e lembro-me exactamente de todas as palavras que te disse, e das que me disseste tu a mim.
Os ciúmes, tantos ciúmes para quê, se tudo o que eu quis que tu escutasses recusaste ouvir? Para quê tanta desconfiança se por mil e uma vezes te disse que estava cansada da distância e do relacionamento pela net, e tu nunca me quiseste ao teu lado.
Para quê alongar mais o inevitável quando compras uma casa, para passarmos mais tempo juntos, dizes, mas não me permites que a vá conhecer , agora quando eu posso, mas envias-me o teu NIB para eu pagar a parte que eu insistia em pagar. Porque é que tudo teve de ser como tu quiseste, como tu decidiste sem me consultares?
Porque é que não reverteste a situação quando te disse que estava a repensar a nossa relação, nem quiseste mais conversa, mas enviaste mensagens às tuas amigas a saber o motivo da tristeza delas? Porquê meu amor?
Acaso pensas agora que eu poderia continuar a acreditar em ti e no teu amor, depois de tanto perdão e tanta compreensão. Não te dás conta que o meu amor por ti, superou o amor que tenho por mim mesma ao ponto de tudo isto e mais alguma coisa ter perdoado, esquecendo-me de mim?
Lembras-te quando várias vezes te disse que morreria por ti e do teu desagrado em ouvir tais palavras? È engraçado amor, mas tu foste a causa da minha “quase” morte em vida e ainda o responsável por duas tentativas de suicídio nestes últimos 4 anos de relacionamento. Porque o amor é uma valsa, uma dança que implica os dois…
Quando perguntei se ali havia alguém com mais de 30 anos, deveria ter referido 30 anos para me amar e não 30 anos para me magoar.
Apesar de tudo, os meus olhos cegos apagaram do coração todas as mágoas, todos os choros, todas as noites sem dormir e dias sem comer… Porque o amor também é cego e não vê… O amor sente-se, vive-se , em conjunto e não separados!
Maria Escritos
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Maria, como entendo este seu desabafo. Como sei o que é traição e abandono... Como sei que foi o trabalho o unico elo com a vida e o peso que ela carregava...
ResponderEliminarMas também sei que a dor não é eterna, garanto-lhe. E também sei que na indiferença virá o perdão. Que é preciso que se perdoe a si propria por amar... Ainda há Luar para brilhar nos rios de prata, serenos, onde a agua corre levando consigo as mágoas. Força, minha amiga. Eu sei! Elvira Almeida
Maria,a sua história de amor, dor e frustração é idêntica à minha.Com a diferença do tempo de duração.Como a compreendo. Não podemos continuar a amar, quem recusa permanentemente ser amado.Há outra vida para ser vivida, há sempre um sol que nos abraça.Precisamos sempre de quem está, incondicionalmente, ao nosso lado, nos apoia, nos admira e não nos causa mágoa. Sejamos fortes, porque depois da tempestade, vem a bonança.
ResponderEliminarUm beijo,
Isabel Vilaverde
amiga Maria escritos,que história de vida essa,mais uma vez tiveste que sofrer,mas é assim no amor por vezes também há dessas coisas e desgostos,mas espero que esse teu sofrimento já tenha acabado e estejas bem e a tua filhota também.A amizade muitas vezes é o melhor de tudo sabes e é o que acaba por ficar para sempre.
ResponderEliminarbjs