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Edificada a partir das cinzas fui fabricando o meu corpo talhado de cinzento. E durante a noite as estrelas trouxeram-me o seu brilho reluzente. O despontar da aurora ofereceu-me o vermelho arroxeado. E ao meio da manhã já o céu havia me emprestado o seu azul divino. Vieram aves doutras bandas para ver o meu esplendor enquanto limpava o pó das minhas cinzas e em seu lugar erigia uma morada de mirra, lenha e folhas de palmeira. No meio das minhas folhas vou tecendo tristes melodias e cada nota lamentosa que emito é uma evidência de minha alma imaculada. Enquanto canto, a amarga dor da morte penetra no meu íntimo e tremo como uma folha. Todos os pássaros e animais são atraídos pelo meu canto, que soa agora como as trombetas do Último Dia; todos se aproximam para assistir. Resta-me apenas um sopro de vida. Bato as minhas asas, agito as minhas plumas e canto a mais bela melodia jamais criada. Os pássaros e os peixes agitam-se, as bestas mais ferozes entram em êxtase; depois todos silenciam. Eu, imolada no meu bater de asas exalo o meu último cântico de amor com tal fervor que muitos sucumbem de coração ensanguentado ao ouvir a minha dor.
Maria Escritos
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