03/11/09
Happy Ending
No início, era apenas uma história de amor como outra qualquer. Apaixonados e sedentos de amor, juntaram os trapinhos e viviam como marido e mulher. Para quê complicar indo casar á igreja quando bastava o amor que sentiam um pelo outro para serem felizes.
Ao fim de uns meses, ele ainda sem trabalho, começou a deixar-se ficar por casa alegando doença. Ela, já grávida de 3 meses e meio, era forçada a levantar-se cedo para ir trabalhar. Ele não arredava pé da cama, e ela sem enjoos matinais começou a enjoar aquele amor que se servia dela para as suas necessidades.
Os enjoos da relação depressa deram lugar a uma insatisfação e desilusão enorme e passaram a dormir separados. Ele dormia na cama, ela dormia no chão.
Um dia, chegada do trabalho, ela começou a preparar o jantar, como de costume. Servida a refeição, iniciaram mais um momento de diálogo surdo como vinha sendo hábito. Tocaram á porta. Era para ele. Alguém que vinha reclamar uma divida que ele havia contraído e exigia que ela lhe pagasse tostão por tostão. Resoluta avançou na direcção dele e obrigou-o a ir resolver aquela contenda ali mesmo, naquela hora. Que não se atrevesse a andar a comer do suor dela e ainda obriga-la a passar vergonhas daquele tamanho. Num impulso de raiva tirou-lhe o prato da frente e jogou a comida no caixote do lixo.
- Aqui não comes mais, disse-lhe ela.
Quinze dias de passaram, repletos de silêncio e mudez. A distância estava mais entranhada entre os dois do que se podia imaginar. Mas ela tinha um plano.
Ligou á mãe dele e convidou-a a jantar lá em casa, sim naquele mesmo dia.
Durante o jantar, contou a história toda, afirmando que não sustenta filhos dos outros. Que a pensar em filhos, pensa apenas naquele pequeno ser que começava a crescer dentro de si. Que a querer conforto, exigia o calor da sua cama de volta pois o chão é duro demais e não indicado a uma grávida. Além do mais, ele estava a dormir na cama que lhe pertencia.
Deu o jantar por terminado quando se levantou e decidida lhe foi fazer as malas para que a mãe o levasse para sua casa. A casa era sua, as decisões finais também. Ponto final. Era assim que ia devolver a ordem à sua vida. Cada macaco no seu galho.
Passaram-se os meses e a gravidez terminou num parto prematuro. Nasceu uma menina, pequenina e franzina, de cor arroxeada e cheia de penugem, características típicas dos prematuros. O factor excepcional é que a menina de 32 semanas de gestação, nasceu a respirar sozinha sem precisar de auxílio de máquinas. A vida surgia assim cheia de garra e vontade de vencer. E assim tem sido. Após o parto ele não quis ver a filha e passados dois anos teve a honestidade de dizer que não ia ver a criança porque nasceu menina e ele queria um menino… E assim tem sido ao longo de alguns anos.
Um pai que se esquece da filha, tal como se esquecia de ir trabalhar, tal como se esqueceu de muitas coisas.
A história chegou até mim como sendo um caso de amor. Ele vivia a pensar nela e procurava a sua presença até mesmo nas mais pequenas memórias ao ponto de nem se conseguir levantar. Ela, recordava com ternura todos os minutos de sossego que ele lhe conseguia dar. A criança? Vive feliz e de bem com a vida pois tem um colo onde pode chamar “lar”.
Maria Escritos
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História estranha. Recortada de muitas histórias verdadeiras. Tantas que me passaram pelas mãos. :-)
ResponderEliminarLininhacbo
amiga,esta história é mesmo real? sei que há muitas situações como esta que contas aqui e que possivelmente se passou contigo,se foi realmente tens muita força e coragem e és muito lutadora e a tua filhota também.E se um dos pais não liga nenhuma,ás vezes basta o amor ou do pai ou da mãe para serem felizes.
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